Política, Estado e Direito

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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Eleições em Uberlândia

A avaliação do processo eleitoral em Uberlândia possibilita interessantes reflexões. A primeira é que Gilmar Machado, que já figurava entre os congressistas mais importantes do Brasil, consagra-se definitivamente como um dos maiores nomes da política mineira e nacional. Negro, professor da rede estadual, evangélico, petista e eleito com esmagadores 214.681 votos para liderar a segunda maior cidade do Estado, a conclusão é inevitável: não há assunto da política nacional ou mineira que possa ser cogitado sem que o nome do filho nobre de Cascalho Rico seja lembrado. Consequência: as próximas eleições presidenciais, de senadores, de deputados federais e estaduais, têm na avenida Anselmo Alves dos Santos, 600, um dos endereços certos de articulação. Esse fenômeno, somado à capacidade dos irmãos Prados de gerarem votos, fazem do PT a primeira força política de Uberlândia.
Outro fator importante é que Odelmo Leão sai praticamente ileso do reverso com seu candidato. Em que pese os evidentes equívocos publicitários de campanha, o mérito do líder local do PP é ter personificado o modelo de gestão que se finda. A consequência perversa é inviabilizar um sucessor à altura – Felipe Attie, a julgar pelas urnas, é o que há de mais próximo nessa linhagem. De toda forma, a excessiva centralização de poder no gabinete gerou uma externalidade pré- anunciada e agora confirmada: surge, para além do PSDB e do PP, uma segunda força política. O grupo coordenado por Tenente Lúcio e Murilo elegeu sete vereadores e ainda conta com a simpatia e fidelidade de vereadores em outros partidos. Mais que isso. O PDT/PMN/PSDC/PPL obtiveram, juntos, mais de 81 mil votos na eleição proporcional – cifra absolutamente expressiva, comparada com partidos de grande projeção nacional e local, como o partido do prefeito, PP, com pouco mais de 35 mil votos (incluídos aí os votos do PR), o PSDB de Luiz Humberto, com pouco mais de 28 mil votos ou mesmo o PMDB, com apenas 18 mil votos (Paulo Vitiello e Adriano Zago saem fortalecidos neste partido).
Outro aspecto interessante desta eleição em Uberlândia tem relação com o assunto sobre a transferência de voto. Estudos indicam que a transferência é evidente quando o líder, candidato com alta popularidade (Lula e Aécio, por exemplo), apoia candidato que, em um primeiro momento, seja desconhecido do grande público (Dilma e Anastasia, por exemplo). Veja o caso atual de São Paulo. Desconhecido da massa, Haddad, do PT, nas primeiras pesquisas aparecia com menos de 10%. Apoiado por Lula e Dilma, 60 dias foram suficientes para desbancar Russomano e ir para o segundo turno com José Serra. Já em Belo Horizonte, a situação foi outra. Patrus, também do PT, é plenamente conhecido do público. No passado, foi prefeito de BH. Tentou voltar. Igualmente apoiado por Lula e Dilma, não foi sequer para o segundo turno. Esta é a mesma situação de Uberlândia.
Houve uma aposta de transferência de popularidade de Aécio, Anastasia e Odelmo para Luiz Humberto. Porém, esse candidato já era conhecido do público. Já foi candidato a prefeito no passado e é deputado estadual em segundo mandato. Para esse cenário, a transferência tende a não se efetivar.

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