A campanha do adversário de Gilmar partiu para o ataque e agressão. Para isso, tenta sugerir que votar em Gilmar Machado é voltar a um passado de “mal” governo: 2001-2004. Sem entrar no mérito da conhecida técnica maniqueísta do “bem versus mal”, vou apresentar uma reflexão em números para justificar o equívoco dessa aposta de campanha: a) em 2012, Uberlândia tem 620 mil habitantes; no ano 2000, ano daquela eleição, tinha 500 mil: de cara, 100 mil habitantes sequer existiam ou estavam em Uberlândia; b) em 2012, Uberlândia tem 450 mil eleitores; no ano 2000 tinha 325 mil. Significa que 125 mil eleitores (30%) sequer votavam aqui no ano 2000; para esses, os ataques simplesmente não faz sentido nenhum; c) estudos indicam que entre 30 e 50 por cento dos eleitores não se lembram em que votaram nas últimas eleições (menos de 4 anos); imagina em uma eleição de 12 anos atrás: quantos por cento vão se lembrar quem eram os candidatos a prefeito no ano 2000...e em quem votaram? Considerando que 50% não se lembra, tentar colar a imagem de Gilmar a um tal “mal” governo entre 2001 e 2003 só faz sentido para cerca de 150 mil eleitores, ou seja, cerca 35% dos atuais votantes de Uberlândia. Ocorre o seguinte. O prefeito que venceu a eleição de 2000, Zaire, ganhou de Luiz Humberto. Porém, possui um elevado índice de rejeição. É nisso que a publicidade do PSDB aposta. Ocorre que desconsideram um fator: Zaire é um senhor de 80 anos, educado, gentil, elegante, simpático. Conhecido pela capacidade democrática de ouvir, e atualmente estudando filosofia na UFU, ao apanhar tanto e ser transformado explicita e implicitamente em representante do atraso e do mal, Zaire transforma-se em vítima para parte dos 35% de eleitores que se lembram do que ocorreu no ano de 2000. Resultado: atacar Gilmar a partir das eventuais limitações do PMDB deve agradar cerca de 20% dos eleitores de Uberlândia. Os outros 80% podem não votar em Zaire (até porque ele não é candidato). Mas não se sentem bem ao ver o senhor de barba grisalha defenestrado em público sem espaço para se defender. Não há nenhum público do mundo que aprove linchamento e ataques. A não ser o público patológico. Publicitários deveriam estudar mais política. Políticos deviam ouvir menos os publicitários.
Política, Estado e Direito
Este blog é destinado ao debate e divulgação de idéias referentes à Política, Estado e Direito. Também servirá para interação e diálogo entre alunos e professores de Cursos de Direito e áreas de conhecimentos afins.
sábado, 15 de setembro de 2012
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
Desafios de Uberlândia: o local e o regional
Cravada no coração geográfico do Brasil, a Mesorregião do
Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba é formada por trinta e cinco
municípios. Possui área física de cerca de 54 mil km²
e mais de 1,6 milhão de habitantes. Considerados apenas os
orçamentos públicos de cinco, destas trinta e cinco cidades –
Uberlândia, Uberaba, Araguari, Araxá e Ituiutaba –, tem-se a
fantástica cifra de mais de 3 bilhões de reais por ano apenas em
orçamentos municipais. De economia diversificada – agropecuária,
açúcar, álcool, café, minério, fumo, fertilizantes e alimentos
–, a localização privilegiada faz a região destacar-se
mundialmente por sua capacidade de logística e distribuição. Em
Uberlândia, com saídas rodoviárias para todo o Brasil, estão as
cinco maiores atacadistas do país. São mais de mil empresas de
logísticas, e uma frota de cerca de 11 mil caminhões. Uberaba, sede
da ABCZ, é conhecida mundialmente como a capital do zebu. As cidades
de Araguari e Patrocínio destacam-se nacionalmente pela produção
em larga escala de café do cerrado, com destaque para a história e
potencial ferroviário de Araguari. Araxá está entre as maiores
referências de exploração de minérios raros do mundo.
A região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba possui, ainda,
promissor potencial tecnológico e educacional. Uberlândia,
possui vinte e duas instituições de ensino superior, dentre as
quais a Universidade Federal de Uberlândia com orçamento anual de
cerca de 1,1 bilhão de reais e campi avançados em Ituiutaba, Monte
Carmelo e Patos de Minas. Só em Uberlândia há cerca de setenta mil
pessoas com ensino superior completo. Uberaba
possui dez entidades de ensino superior, com destaque para a
tradição da UNIUBE, atuante desde 1947 e Universidade Federal do
Triângulo Mineiro, com atuação desde 1953. Não se desconsidere o
Instituto Federal do Triangulo Mineiro, com atuação em Patrocínio,
Uberlândia, Uberaba, Ituiutaba e Paracatu, além do Centro Federal
de Educação Tecnológica de Minas Gerais, com presença marcante em
Araxá.
No centro dessa fantástica rede de relações sociais, culturais,
políticas, econômicas e jurídicas, está a cidade de Uberlândia:
a segunda maior de Minas Gerais e terceira maior do interior do
Brasil – empatada com Ribeirão Preto, atras apenas de Campinas e
São José dos Campos. Com vocação local para o desenvolvimento, é
inevitável que Uberlândia assuma, de forma planejada, os desafios
de liderar o fortalecimento integrado da região: isso é
regionalização.
Circula, em alguns espaços locais, uma campanha contra a
regionalização do Hospital Municipal, sob o argumento de que essa
importante obra pertence apenas ao “povo de Uberlândia”. Sem
entrar no mérito deste pensamento frágil, a questão é que não há
ninguém defendendo a regionalização do Hospital Municipal. O
Hospital é local, e assim continuará. O debate que precisa ser
feito é absolutamente mais complexo e promissor: se Uberlândia tem
condições políticas e quadros técnicos capazes de intensificar
seu progresso liderando a região para que possamos desenvolver
juntos.
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