Política, Estado e Direito

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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Novo cenário político de Uberlândia - PT/PMDB/PDT


As recentes movimentações partidárias em Uberlândia são cenários férteis para reflexões políticas. Com características oligárquicas, a história do poder local passa, necessariamente, pela baixa mobilidade política por aqui dominante desde as primeiras décadas do século XX, quando se organiza a cidade em torno de dois grupos: os cocões, ligados à UDN (Virgílio Rodrigues da Cunha, Cotta Pacheco, Constantino Rodrigues da Cunha, Adolfo Fonseca e Silva, Custódio da Costa Pereira, Marques Povoa, Alexandre de Oliveira Marquez, Antônio Crescêncio, Joaquim Fonseca, Nicomedes Alves dos Santos, Carmo Giffoni e Rondon Pacheco) e os coiós, ligados ao PSD (Olímpio de Freitas Costa, cel. Antônio Alves Pereira, Marcos de Freitas Costa, João Naves de Ávila, Abelardo Penna, Fernando Vilela, Paes Leme, Rivalino Pereira e Renato de Freitas).

Com o golpe militar de 1964, Uberlândia ganha projeção nacional, principalmente a partir da proximidade destacada de Rondon Pacheco junto aos militares. No contexto local, Renato de Freitas assume a Prefeitura (67-69) e será sucedido da seguinte forma: Virgílio Galassi (70-73); Renato de Freitas (74-77); Virgilio Galassi (78-82); Zaire Resende (83-88); Virgilio Galassi (89-92); Paulo Ferolla (93-98); Virgilio Galassi (97-2000); Zaire Resende (2001-2004); Odelmo Leão (2005-2012).

A questão interessante é a seguinte: todos os prefeitos de Uberlândia, sem exceção, estão ligados a um desses dois grupos dominantes: cocão/UDN ou coió/PSD. Certamente, o maior distanciamento fica por conta de Zaire Resende. Responsável por apresentar uma opção política ao Município de Uberlândia, Zaire é neto do cel. Thomaz Ferreira de Rezende e recebeu apoio de parte dos coiós descontentes com os militares. Líder democrático, venceu adversários históricos como Renato de Freitas e Aldorando Dias de Souza. Vale lembrar que o candidato de Virgílio Galassi (cocão), derrotado por Zaire em 2000, era Luiz Humberto Carneiro (cocão), que agora é o candidato de Odelmo Leão (cocão).

O que há de novo e empolgante é que nessas eleições de 2012 o pêndulo de forças desloca-se para um espaço alternativo de poder no qual as oligarquias locais não exercem domínio. A pré-candidatura articulada pelo PT, unido em torno de Gilmar Machado, já seria o suficiente para essa constatação. Mas há, ainda, um fator potencializador que, se confirmado, significaria a mais ousada proposta de ruptura oligárquica: a possibilidade, ainda sussurrada, de que o vice prefeito de Gilmar seja do PDT. A força política desse grupo mostra-se evidente. Com 108 pré-candidatos a vereadores, sob a coordenação do Ten. Lucio e articulados com PPL, de Jerônima Carlesso, o PSDC, de Márcio Nobre, e PMN de José Manoel Pacheco, o grupo deu provas da capacidade de mobilização ao reunir cerca de quatro mil pessoas no Center Convention no último dia 14 para declarar apoio ao pré candidato petista.

A decisão sobre a vaga de vice, é notório, compete apenas ao candidato majoritário. Porém, a sinalização alternativa PT/PDT, até pouco tempo sequer cogitada, mostra enfraquecimento das oligarquias locais. Independentemente do desfecho, o avanço é evidente: ponto para a República.

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